Free as a bird…

Será que somos livres como pássaros?
Será que somos livres como pássaros?

Vinha pra casa, voltando da casa dos meus pais. Dia das mães, dia de reunir a família, como Natal, dia dos pais e outras datas. Corrida pra comprar um presentinho agradável (esse ano a conta bancária não permitiu, foi mal dona Nair), filas em shopping center, almoçar fora, um churrasco, essas coisas todas.

Enfim, voltava pra casa dirigindo, no intervalo do jogo (meu time perdeu, fazer o que?) mudei de estação e os versos da música que dá título ao post começaram a ecoar. Fiquei pensando, eu sou livre. Sou livre como qualquer pássaro. Era ao menos isso o que vinha na minha mente naquele momento.

Mas a música acabou, voltei ao jogo, confesso que estava tão morno que mal prestava atenção no que o radialista dizia. Comecei a pensar de novo na música, na tal liberdade dos pássaros. E vi que não sou tão livre, até já falei um pouco disso no post que inaugurou este blog, mas me deu vontade de retomar o assunto, questionar um pouco essa liberdade.

Vejam, eu moro sozinho, posso fazer o que quiser, não tenho horários muito rígidos e sou o dono de minha vida. Essa frase poderia ser meu mote, ou o mote de milhares de pessoas. Mas um olhar mais próximo trás outras verdades. O que me faz preocupar-me com o dia das mães? Dia dos pais? Natal (e eu nem acredito em deus, imagina em jesus)? Mas essas datas acabam mexendo comigo. Penso nos presentes deles e me policio pra visitá-los. Com a sexta-feira santa é mais ridículo ainda. Por que um ateu vai se preocupar em comer ou não carne nesse dia? Confesso que só me livrei desse dogma a muito pouco tempo, passando a comer o que está disponível, independente da origem do alimento.

Será que eu tenho a liberdade de escolher mesmo o que vou comer? E esse beija-flor?
Será que eu tenho a liberdade de escolher mesmo o que vou comer? E esse beija-flor?

Se viver assim é ser livre, nem imagino o que seja viver preso a algo. É claro que algumas convenções são úteis na vida social, mas e as que não são? Me lembrei do filme Homem Bicentenário, onde o robô vivido pelo Robin Williams queria se tornar humano. O filme é muito interessante, mas dói pensar que no fundo a única conquista realmente humana do robô foi a morte.

Extrapolando isso para o que vinha falando, eu não sou realmente livre, de certa forma sou um autômato que se acha livre, porque tenho hora pra cumprir, como o que é socialmente aceito, minhas roupas também fazem parte dessa identificação. As escolhas realmente livres acabam sendo poucas, como a pessoa amada. Mas mesmo assim, o amor parece parte dessa programação, caso contrário a forma como isso ocorre não seria tão parecida para todo mundo.

Se analisarmos friamente as pessoas, vemos desejos parecidos, parecemos pacotes programados, com desejos pré-definidos, habilidades vindas de fábrica e que usam a escola para aprender a se relacionar com outras pessoas robôs também programadas. E o mais engraçado é que esse programa ainda traz dentro de si a pretensa sensação de ser livre para fazer as escolhas que queremos, mesmo que estas sejam sempre óbvias e previsíveis.

Não somos livres como pássaros, mas livres como robôs (FREE AS A ROBOT)…

4 respostas para “Free as a bird…”

  1. Alex,
    não concordo muito com você nesse ponto. Nós somos livres sim, a liberdade é estado de espirito. É algo emocional, que você se permite sentir, viver.
    Se tem algo que ninguém pode tirar de você é a sua liberdade de pensar. Podem acorrentar o seu corpo, mas não podem aprisionar sua alma, a não ser que você assim escolha.
    Mesmo os dogmas religiosos, você escolhe se quer vivê-los ou não, mesmo quando te chamam de hipócrita, mas isso também é uma escolha.
    Eu acredito na liberdade plena do espirito, o que é dificil encontrar é a liberdade corporal… Mas ainda assim, é uma questão de escolha, pra maioria de nós.
    Grande beijo

    1. Lak, valeu por deixar sua opinião.

      Eu vejo a liberdade como algo inalcançável, distante de qualquer ser, pelo simples fato de ser já não se pode ser livre, pois suas escolhas interferem em escolhas de outros, e mesmo a gama de possibilidades para serem escolhidas é extremamente baixa, mas isso é apenas uma visão possível

      valeu pelo comentário!!!!

  2. Oi Alex! Adorei seu blog, parabéns!
    Gostei mto do texto… e é verdade o q vc escreveu! Identifiquei-me mto com alguns trechos… e penso de forma bem parecida… inclusive sobre essas datas “comemorativas”.
    Saudade!

    Bjinhos

  3. Alex;

    Amei a reflexão sobre a liberdade, tens uma apego muito grande ao metafísico, à filosofia.. Penso que a liberdade é utópica, por mais que sonhamos dar asas aos pensamentos são eles moldados por uma moral social.

    O mesmo pensamento que tivestes.. Estavas a procura da liberdade mas então lembrou-se de que alguma forma o Natal e datas comemorativas o leva a refletir e tomar qualquer postura diferente, é liberdade? Veja o quanto já é embutido em nós essa moral, esse contexto. Confesso que me entristece um tanto, estão de qualquer forma a podar nossas reflexões…

    Ainda podemos saborear a liberdade do pensar, mesmo assim é quase impossível isolar o pensamento e o permitir liberdade de nossos próprios julgamentos.

    Gostei muitíssimo do olhar que deu ao assunto, mas não vejo igualdade na liberdade e na independência. É certo que quando conquistamos qualquer independência caminhamos para a liberdade, mas nem sempre, nem sempre…

    Um abraço!

    P.S.:Amei as fotos, já declarei por ai o quanto sou apaixonada pelos bichinhos.

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